As 1.30 da manha de 7 de Julho 2006 uma tartaruga Caretta caretta desovou na praia da Laginha, em Mindelo São Vicente.
O ninho foi cercado com redes para evitar possíveis compactações dos ovos visto que a praia é bastante frequentada. Durante os primeiros 45 dias, após a desova, o ninho esteve ao cuidado da população Mindelese.
Aproveitamos a oportunidade para efectuar uma campanha de sensibilização com conversas directas com a população, palestras a volta do ninho e entrevistas na comunicação social, foi elaborado cartazes sobre a biologia e ciclo de vida das tartarugas e exposta para toda a praia e confecção e distribuição de brochuras com o lema “Proteger as tartarugas é preservar o nosso património”, e camisolas com o lema “ Proteja-me, eu viva tenho mais valor…” . Atrás vez da rádio as informações expandir para outras ilhas tais como S.Nicolau e Santo Antão, pelo que todos ou quase todos mostravam interessados no nascimento das tartaruguinhas. Ao longo de 57 dias, muitas foram as interrogações, as historias e dúvidas sobre o ciclo de vida e a reprodução das tartarugas marinhas.
Considerando que as tartaruguinhas ao nascerem orientam-se e dirigem-se até o mar através do reflexos das estrelas na agua e pelo barulho das ondas e, sabendo que a Praia da Laginha é uma praia com muita luz e barulho, o que certamente poderia confundir a orientação desses animais, levando-as a dirigir no sentido contrario. Neste sentido, a partir do dia 45 ,o INDP juntamente, com colaboradores voluntários, na sua grande maioria alunos e professores do ISECMAR, a Capitania dos portos e pessoas sensibilizadas, montaram a guarda do ninho, com turnos periódicos de 3 em 3 horas, na expectativa do nascimento das tartaruguinhas, o que podia acontecer a qualquer momento durante a noite, ate os 60 dias.
No dia 2 de Setembro, as 23:40 nasceram a tão esperado as tartaruguinhas. O alarme foi accionado pela Maria Augusta ex. aluna de ISECMAR e professora da Escola técnica. Foi uma corria, pois todos queriam ver e tocar as tartaruguinhas. Entre o enxame de gente elas foram contadas e medidas. Dos 110 ovos depositados, nasceram 88 tartaruguinhas com comprimentos à volta dos 41 milímetros. Os primeiros quinzes foram colocados na praia da laginha e direccionaram para o mar. Devido a multidões que lá se encontravam os restantes foram colocados numa praia mais tranquila, a praia do Galé.
Apesar de muitos esforços realizados na preservação das tartarugas marinhas em cabo verde, a apanha de tartarugas ainda é uma realidade em muitas ilhas. Mas neste ano, com o aparecimento da tartaruga na Laginha, deu-se uma atenção especial a este ninho, contribuindo para sensibilizar a população. Pelos comentários, pela atitude, pelo interesse das pessoas pelo assunto, mostram que a campanha foi um sucesso. O ninho não passava despercebido por ninguém. Entre as pessoas que passeavam, a pé ou de carro ou ainda entre um mergulho e outro e entre uma cerveja e outra, iam ver e ler os cartazes, perguntavam ou simplesmente limitavam a olhar. O resultado desta campanha é evidente visto que a população esta mais sensibilizada na defesa desta causa. Um exemplo disso é o contacto para entregas de tartaruguinhas encontrado em zonas impróprias ou ainda denúncias de apanhas de tartarugas.
O sucesso deste trabalho não poderia ter sido possível sem a participação dos nossos voluntários.