Resultados da campanha de comunicação
Panorâmica do civismo e orgulho da população durante os 57 dias de guarda do ninho na praia da Laginha, na cidade do Mindelo (fotos de Sandra Correia e Sonia Elsy Merino) |
Foi realizado um trabalho de consciencialização e sensibilização tanto localmente como através dos meios de comunicação social. Um esquema de entrevistas foi desenvolvido nas comunidades em que teve lugar a realização do inquérito, quer na residência dos entrevistados quer nos pontos de encontro dos pescadores. Foram, ainda, envolvidos os representantes das autoridades locais nos trabalhos nocturnos de monitorização de tartarugas nos locais identificados nos inquéritos como sendo os mais frequentados pelas tartarugas. Em algumas oportunidades envolveu-se voluntários entre a juventude local para o desenrolar dos inquéritos. Foi, também, produzido, publicado e distribuído material de apoio à conservação, entre brochuras e poster. Uma campanha de sensibilização teve lugar na praia da Laginha, de modo a aproveitar ao máximo a ocorrência de uma fêmea Caretta caretta com a vantagem de ter feito um ninho nessa populosa praia de Verão.
Em São Vicente, a população local (~60.000 habitantes) de uma ou de outra forma foi envolvida ao longo do período de incubação, o que se prolongou por 57 dias. Eventualmente, 110 ovos foram contados no ninho, do qual 88 pequenas tartarugas eclodiram e foram acompanhadas até o mar. 22 Ovos não desenvolveram totalmente ou os embriões eram inférteis. Os principais resultados da campanha de sensibilização e informação mostram-nos que a população protegeu o ninho, já que nos primeiros 45 dias de incubação este esteve sob o cuidado dos Mindelenses. A protecção directa, com ajuda de voluntários, foi iniciada 15 dias antes da eclosão. Ainda, como resultado da campanha, mais pessoas ficaram a saber da existência de tartarugas marinhas na área à volta das três ilhas e intervieram activamente na campanha contra a apanha e a comercialização.
Actualmente, as autoridades locais sentem-se mais seguras na implementação da legislação e lutam contra a captura ilegal desses animais, punindo os infractores. A partir da campanha de 2006, a população local vem informando dos casos de encontro com tartarugas que têm tido lugar na nossa zona, defendem-nas da apanha e protegem-nas, para a sua conservação. É cada vez maior o número de professores que nos solicitam apoio técnico e envolvimento nas campanhas escolares de conservação. Ao nível local, algumas campanhas espontâneas de conservação tiveram lugar na Comunidade da Cruzinha, em Santo Antão.
Concluímos que a nossa campanha regional de conservação das tartarugas marinhas em 2006 foi um sucesso. Os trabalhos continuam cada vez com mais envolvimento e entusiasmo por parte das populações e instituições locais preocupadas com a protecção ambiental. A preservação para a conservação da Biodiversidade é uma tarefa de todos. Protegendo os recursos naturais de Cabo Verde estamos a preservar o património ecológico, cultural e económicos destas ilhas.
Para finalizar, o apelo vai para a consciência do Povo das Ilhas, para o cumprimento da lei por consciência e não só coerção, para lutar contra a captura e depredação de tartarugas marinhas que não são mais a única fonte de proteína animal. E assim, nossos filhos, os filhos dos nossos filhos, e as gerações vindouras possam enriquecer o espírito, produzindo mais belas mornas que falam de Cabo Verde, sua natureza exótica e do Mar que tanto intimida como inspira, escraviza mas também liberta, temperando o Coração Crioulo. As tartarugas marinhas e os seres humanos são um elo mais no ecossistema Biosfera, cada um com especificas funções contribuindo para o seu equilíbrio. Contribuindo para a protecção e conservação desses animais, para o equilibro ecológico, protegemos o património natural e cultural dos povos e contribuímos para a sobrevivência das gerações futuras.
As Tartarugas Marinhas são Espécies protegidas pelo decreto-lei nº 7/2002 de 30 de Dezembro.