Nas ilhas de Santo Antão, São Nicolau e São Vicente existem quatro espécies: a tartaruga comum (cabeçuda/cabeça vermelha), a tartaruga parda (verde), a tartaruga “strongby” (preta/couro) e a tartaruga de casco levantado (chamada localmente cágado ou caguin, dependendo do tamanho, etc.). São vistas nas praias a desovar, nas baías a boiar, nos fundos costeiros a descansar ou a alimentar-se, mas também entre as ilhas, nos canais, e no mar alto.
A tartaruga de casco levantado, Eretmochelys imbricata ,chamado também cágado, é uma das espécies de tartarugas marinhas existentes em Cabo Verde (foto de Sonia Elsy Merino) |

Uma carapaça de “caguim”, como são também localmente nomeados, juvenis da tartaruga verde (Chelonia mydas), colectado pelos pescadores entre restos de redes deixados no mar pela pesca industrial , geralmente estrangeira na região. (foto Sandra Correia)
Entre as maiores ameaças e perigos à população local de tartarugas marinhas surgem o desaparecimento das praias arenosas devido à apanha de areia para construção civil; a erosão costeira devida ao desvio do caudal das ribeiras promovido pela construção de estradas; e a forte iluminação das praias de desova. Os pescadores mais experientes avançam, ainda, que uma das maiores ameaças pode ser atribuída à pesca industrial estrangeira, a pesca de atum e o arrasto (as redes perdidas no mar pelos grandes barcos de pesca). Anualmente, morrem muitas tartarugas apanhadas acidentalmente com esses engenhos.
Em Cabo Verde a legislação nacional protege e penaliza a posse, o consumo, o comércio de indivíduos, carne e ovos. Igualmente, penaliza a degradação ou transformação do seu habitat e a perturbação destes animais na época de reprodução.
Os resultados do estudo efectuado demonstram que, desde tempos remotos, as tartarugas são visitantes sistemáticos das praias e águas destas ilhas. Em São Nicolau e Santo Antão, esses animais já tiveram um importante papel em épocas difíceis, particularmente entre 1943 e 1952, período de grandes fomes e guerra. Nesses tempos, um bote vindo do alto mar erguia duas bandeiras, uma vermellha e uma branca, indicando a captura de duas tartarugas, o que era motivo de grande festa, pois representava comida para os menos favorecidos. Portanto, uma ou duas bandeiras, não importava; tinha-se que festejar a vida, um dia mais em tempos difíceis e de poucos recursos, de isolamento imposto pela Segunda Guerra Mundial.