Longe se vão os anos, em que acossados pela fome, as gentes do interior demandavam a costa para procurar alimento. Desconhecedores das artes de pesca, uma opção fácil eram as tartarugas, que indefesas, vinham em grande numero desovar nas praias da ilha.
A fome acabou, mas o hábito persistiu, até que em 2006 (Município de Tarrafal) e 2009 (Município de Ribeiras Brava), resolveram agir.
Em Tarrafal, estima-se que a matança tenha diminuído em mais de 95%. Em 2006, mais de 2006 mais de 100 carapaças foram contadas em uma única praia (broco). Estima-se que, não mais que 5 cinco estejam a ser ilegalmente abatidas.
Concelho de Tarrafal
EROSÃO COSTEIRA, CAUSA DO REDUZIDO SUCESSO DE POSTURAS E BAIXA TAXA DE ECLOSÃO
PRAIA DE BARRIL – Havia informações que a “Praia Grande” constituía o principal ponto de desova. Infelizmente essa praia tinha sido totalmente destruída, e sua areia removida para aterrar valas de condutas de água. A então Comissão Instaladora, quase à revelia interditou a apanha do restava da areia dessa praia, tentou como pode, promover a sua reabilitação. Resultou como comprovam os dados. De zero ninhos em 2006, passou-se a 300
O passo seguinte foi a contratação de guardas, para fiscalização das sete praias mais importantes, que se dispersam por cerca de 17 Kms. Um valor que ascende a 1.120.000$00 ano, sem contar com outros encargos decorrentes da logística. Foi possível mobilizar 500 contos, e deu-se inicio à campanha.
SÃO FRANCISCO DE ASSIS, VELA PELAS TARTARUGAS DE TARRAFAL
PARCERIA COM CAPUCHINHOS, UM CASO DE SUCESSO
Fez-se forte sensibilização, efeito para o qual, além dos meios habituais (escolas, etc.) revelou-se providencial o envolvimento da paróquia local, sob o auspício da Congregação dos capuchinhos, que como é sabido, têm como patrono São Francisco de Assis, protector dos animais, ele que foi por João Paulo II, constituído “patrono da ecologia”.
CAUSAS NATURAIS, JÁ COMPROVADAS (MARESIAS), CAUSA DE PERDA DE VÁRIOS NINHOS
Nas praias de “d’baixo d’rotxa” e “Barril”, verificaram-se ao longo dos três anos, fortes maresias que arrastam a totalidade dos ninhos numa área da praia, o que em princípio obrigará à construção de viveiros (hatcheries)
Para reflexão:
DECISORES SENSIBILIZADOS, MEIO CAMINHO ANDADO NO SENTIDO DA OBTENÇÃO DE ENGAJAMENTOS.
CAMPANHA DE CARETA-CARETA, ATINGIU OUTRAS ESPÉCIES
A tartaruga de couro, localmente conhecida por “STRONG BÁI” outrora capturada para extracção do óleo, considero como portador de efeitos medicinais, continua a merecer alguma procura, mas hoje vem importado de outras ilhas.
MOBILIZAÇÃO DE RECURSOS.
Público-alvo:
1. Pessoal dirigente, professores, quadros … Parte-se do pressuposto, que se revelou falso, de que o nível de responsabilidade, habilitação, etc. era proporcional à ao nível de sensibilização, relativamente a questões ambientais. Importa começar por esses.
2. Pescadores, e populações costeiras, foram ao longo dos tempos, tidos, como o público-alvo das campanhas. Estudos e observações têm demonstrado que os principais predadores, vêm das zonas altas. E há uma explicação; Em épocas de carestia, as populações costeiras sempre podiam pescar ao contrário das do interior, para as quais restava a apanha de tartarugas, hábito que resistiu à passagem do tempo, felizmente, agora, por mera tradição.
Nota: Izé Gaspar, foi um baleeiro, (Matou muitas baleias, - nessa altura era legal, mas não tartarugas) que iniciou o povoamento de Tarrafal, ainda no sec.XIX. atribuir seu nome ao blog, tem o propósito de resgatar a memória, e fazer um pouco da história desse Município, muito recente.